A
Carteira Recomendada para o Trimestre Mar/Abr/Mai de 2013 já não é nenhum
segredo, já que publicamos sua composição há 5 dias nos comentários da postagem
com os resultados dos 9 meses do Método GRIFO. Um fim de semana de viagem a
lazer seguida por uma viagem a trabalho atrasou a publicação na data convencional
(primeiro dia útil da composição), mas sem prejuízo da tempestividade das informações.
Apesar de já revelada a surpresa, vamos à publicação formal.
Conseguimos,
até o momento, concluir três Carteiras Trimestrais pelo Método GRIFO atendendo,
com grande folga, ao nosso objetivo de superar o principal índice de referência
do Mercado de Ações brasileiro, o Ibovespa. Na média, temos superado o índice
em 2,6 pontos percentuais ao mês.
Após
esses três trimestres de sucesso, no entanto, chegamos a um ponto bastante
crítico na nossa análise, que nos força a tomar uma decisão no sentido de mudar
algumas regras do Método GRIFO. “Não se mexe em time que está ganhando”. É
claro que essa máxima passou pela minha cabeça, mas com a alteração do cenário,
era imprescindível assumir os riscos de dessa mudança.
O que
ocorreu foi que o número de empresas que passou pelos crivos dos indicadores
fundamentalistas voltou a diminuir, e esse número decrescente a cada trimestre
acaba prejudicando um pouco a diversificação proposta para nossa Carteira
Recomendada. E pior, começaram a aparecer algumas empresas que, analisando
pormenorizadamente seus balanços, não considerei que tinham a mesma margem de
segurança das empresas que vínhamos selecionando até então. Isso me levou a
repensar alguns dos parâmetros.
Acabei
decidindo “afrouxar” um pouco os indicadores de liquidez, que eram “as mais
finas peneiras” dentre os filtros utilizados. Os indicadores de liquidez
avaliam a capacidade das empresas de pagar suas obrigações, principalmente as
de curto prazo. Essa mudança proporcionou a entrada de uma nova gama de
empresas, mas que ainda deveriam passar nos outros crivos. Com isso, verificamos
em nossas análises que algumas empresas que apresentavam dados preocupantes em
seus balanços acabaram passando em todos os crivos. E o mesmo aconteceu com as
empresas do Setor Financeiro, onde apesar dos parâmetros não terem sido
alterados em nada, entraram alguns bancos que considero muito ruins (não só
como investidor, mas também como ex-cliente, como é caso do Santander).
O
resultado não estava bom e resolvi que para compensar o afrouxamento dos
indicadores de liquidez, deveria endurecer em outros aspectos. E o fiz quanto
aos indicadores que medem os retornos (ROIC e ROE), e que avaliam a eficiência
da empresa (capacidade de obter lucro a partir de seus investimentos e
patrimônio). Com essa medida eu consegui eliminar essas empresas para as quais
tinha torcido o nariz. E de quebra, consegui voltar ao número de vinte empresas
selecionadas.
Quatro
empresas saíram da Carteira GRIFO: Gerdau (GGBR3), Kepler Weber (KEPL3),
Magnesita Refratários (MAGG3) e Rossi Residencial (RSID3). Devemos observar que
apenas uma dessas quatro empresas já divulgou seus resultados do 4º trimestre
de 2012 (a Gerdau), sendo que para as outras três, trabalhamos com os números
do 3ºT/12.
A Kepler
Weber (KEPL3) teve uma curta e vitoriosa passagem pelo nosso sistema. A empresa
que foi a grande campeã de valorização do trimestre passado (+45,5%) “fez
bonito e deixou o gramado ainda em condições de jogo”, pois seus indicadores
continuam bons (embora os números ainda sejam referentes ao 3º trimestre de
2012). A empresa acabou deixando a carteira por razões de liquidez, já que teve
uma queda grande no seu volume diário médio de negociações, ficando fora neste
parâmetro.
A
Magnesita Refratários (MAGG3) ficou de fora pelos filtros antigos. Já a Gerdau
(GGBR3) e a Rossi Residencial (RSID3) saíram com o aperto já comentado dos
índices de eficiência. Quisera eu ter feito esse ajuste no trimestre anterior,
já que essas empresas foram justamente aquelas que deram os maiores prejuízos
na última composição.
Quatro
empresas saíram, cinco empresas entraram. Foram elas: Copel (CPLE3), Eternit
(ETER3), Petrobras (PETR3), Editora Saraiva (SLED4) e Transmissão Paulista
(TRPL4). A Eternit (ETER3) volta a Carteira GRIFO após seis meses de fora,
mesmo ainda não tendo sido resolvida a questão sobre o uso do amianto crisotila.
Todas as outras quatro empresas são estreantes (embora Petrobras e Editora Saraiva
já tenham composto a carteira em momentos anteriores ao acompanhamento pelo
blog). Interessante ressaltar que todas essas cinco empresas só entraram na
Carteira Recomendada do Trimestre pelo afrouxamento dos critérios de liquidez.
A
relação P/L média da nossa Carteira GRIFO se manteve em 9,2 (sofrendo um pequeno aumento, mas na casa dos centésimos) com as cotações de 28/02/2013. Já o P/L médio do
Ibovespa subiu mais um pouquinho e era de 13,0 nessa mesma data. Essa diferença
é um bom indicador de que nossa Margem de Segurança pode ter melhorado ainda
mais com os novos parâmetros (só o tempo dirá).
E
finalmente, vamos à apresentação da nova Carteira Recomendada pelo Método GRIFO
para o Trimestre Mar/Abr/Mai de 2013:
Como era
nossa intenção, a Carteira ganhou em diversificação. Agora são nove os setores
representados. Saiu o representante do setor de Máquinas e Equipamentos (Kepler
Weber) e o último remanescente do setor de Siderurgia e Metalurgia (Gerdau). Em
compensação, temos agora representantes dos setores de Energia Elétrica (Copel
e Transmissão Paulista), Mídia (Editora Saraiva) e de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis (Petrobras). Esta é a composição mais diversificada da Carteira
GRIFO até agora.
A
concentração no setor de Construção e Engenharia (35%) e no setor Financeiro
(25%), no entanto, continua forte, tendo pequena redução para 60% da carteira.
O número de empresas representantes de cada um desses setores continua o mesmo,
sendo essa pequena diminuição da participação relativa fruto do aumento do
número de empresas na Carteira Recomendada (de 19 para 20). As empresas do
setor Financeiro continuam as mesmas da composição anterior, enquanto no setor
de maior participação, Construção e Engenharia, a Rossi Residencial (RSID3) deu
lugar a Eternit (ETER3).
Com a
saída da Magnesita Refratários (MAGG3), o setor de Materiais Diversos perde
participação e fica somente com a Companhia Providência (PRVI3) como
representante. A terceira maior participação da Carteira Recomendada fica então
com o setor estreante de Energia Elétrica, que entrou com dois representantes,
Copel (CPLE3) e Transmissão Paulista (TRPL4), abarcando 10% da Carteira.
Veja
como fica o novo gráfico setorial da Carteira Recomendada pelo Método GRIFO:
Apesar
desse aumento da diversificação ainda temos grande concentração em dois setores
da economia, o que pode gerar novos descolamentos do índice Ibovespa, até com
grandes amplitudes. É arriscado, mas acreditamos na Margem de Segurança oriunda
das análises do Método GRIFO. Se as mudanças dos parâmetros irão afetar nossos
resultados, só saberemos ao final de Maio/13.